"O Governo está a criar um monstro e ainda não percebeu"

O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia garantiu hoje que os elementos da Unidade Especial de Polícia vão continuar a desempenhar o seu serviço e missão, apesar dos protestos contra os cortes no subsídio de serviço.
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"Os profissionais que estão na Unidade Especial de Polícia (UEP) assumem a missão de corpo e alma. É evidente que esta situação em nada beneficia a estabilidade da instituição para fazer mais e melhor. Mas damos a garantia que os profissionais vão continuar a fazer o seu serviço e missão", disse aos jornalista Paulo Rodrigues, que hoje participou no protestos dos polícias desta unidade especial da PSP

Cerca de 200 elementos da UEP, vestidos com camisolas pretas, deslocaram-se hoje à tarde à Presidência da República para entregar um memorando com reivindicações, depois de se terem concentrado junto ao quartel do Corpo de Intervenção (CI), na Ajuda, em Lisboa.

Em causa está a não atribuição aos elementos da Unidade Especial de Polícia do suplemento especial de serviço, cerca de 300 euros mensais, no período de férias, baixas médicas e outras faltas ao serviço, passando o subsídio a ser pago apenas pelos dias de trabalho.

"Esta instabilidade constante é preocupante", adiantou o presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP), sublinhando que se avizinham "tempos difíceis", não só de contestação por parte da sociedade, mas também pelos polícias.

"O Governo não pode ter uma instituição como a PSP, uma força de segurança, em constante instabilidade e confusão. Começa a ser insustentável", sustentou Paulo Rodrigues.

O sindicalista, que também pertence ao CI do Porto, frisou que "o Governo está a criar um monstro e ainda não se apercebeu", não tendo "a noção daquilo que se está a passar na PSP a todos os níveis".

O presidente da ASPP criticou o corte no subsídio de serviço, considerando tratar-se de "uma tentativa de desvirtuar um suplemento que a UEP têm há muitos anos".

O corte do subsídio passou a vigorar no dia 04 de Outubro, data em que os elementos do Corpo de Intervenção, em Lisboa, começaram a fazer levantamentos de rancho ao almoço e ao jantar e, desde segunda-feira, têm vindo a concentrar-se todos os dias às 17:00 à porta do CI.

O protesto terá surgido de forma espontânea entre os elementos do CI de Lisboa, alargando-se depois aos restantes membros da UEP do Porto e Faro.

Segundo os sindicatos, este é o protesto mais longo daquela unidade especial da PSP.

Uma delegação de cinco elementos entregou o caderno reivindicativo na Presidência da República. No final, um dos membros da delegação manifestou-se insatisfeito, pois desconhece a quem entregaram o documento.

Fazem parte da UEP o Corpo de Intervenção, Grupo de Operações Especiais, Corpo de Segurança Pessoal, Centro de Inactivação de Explosivos e Segurança em Subsolo e Grupo Operacional Cinotécnico.

A Unidade é composta por cerca de 900 elementos, pertencendo mais de 500 ao Corpo de Intervenção.

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